Resenha: Reconstruindo Amélia, de Kimberly McCreight

Este é um livro que mexe com muitas emoções. Tem a questão do bullying, do suicídio, da descoberta da sexualidade e da identidade sexual, o silêncio da sociedade para os problemas da adolescência. É um livro atual, que fala da influência do mundo digital na vida dos adolescentes e em como a competição entre jovens, além do bullying, pode fazer estragos na vida de alguém.

Reconstruindo Amelia Capa




Sinopse:
Kate Baron, uma bem-sucedida advo­gada, está no meio de uma das reuniões mais importantes de sua carreira quando recebe um telefonema. Sua filha, Amelia, foi suspensa por três dias do Grace Hall, o exclusivo colégio particular onde estuda. Como isso foi acontecer? O que sua sensata e inteligente filha de 15 anos poderia ter feito de errado para merecer a punição?


O livro

Kate é advogada e uma mãe solteira que trabalha muito. Tem orgulho de ter conseguido criar a filha de 15 anos, Amelia, sozinha e ainda conseguir um cargo de destaque é uma prestigiada firma de advocacia. É durante uma reunião importante de trabalho que a escola onde Amelia estuda, a exclusiva e cara escola particular Grace Hall, liga e avisa: Amelia estava suspensa por três dias. Kate assegurou que chegaria em 20 minutos, mas levou mais de uma hora para se deslocar até lá, utilizando o metrô.

É quando se aproxima do quarteirão da escola que percebe a agitação, o isolamento de uma parte do prédio, carro do corpo de bombeiros, ambulâncias... e um corpo coberto. Na parede, a palavra "perdão" se destacava. Ela tenta entrar no prédio, mas um policial a impede e em seguida ela reconhece o par de botas da filha embaixo do lençol. Seu mundo então se apaga.

Seu chefe e seus colegas lhe deram todo o apoio possível. A polícia fechou o caso como suicídio, algo que Kate engoliu à força, pois não consegue acreditar que sua filha inteligente, atleta, sensível e amante dos livros pudesse se matar. Amelia parecia muito nervosa dias antes de morrer. Vinha fazendo perguntas sobre seu pai, queria passar um semestre em Paris, sendo que ainda estava no ensino médio. Kate revira a mente tentando encontrar motivos que fizesse sua filha se matar.

Eis que ela decide voltar ao trabalho após um mês da morte da filha. A firma lhe dera três meses de licença, mas Kate não aguenta mais ficar em casa. Precisa ocupar a cabeça com alguma coisa. É quando ela recebe um SMS em seu celular dizendo: Amelia não se matou. E seu mundo entra em uma louca espiral novamente, quando ela começa a ir a fundo nos arquivos, SMS, emails e escritos da filha para tentar descobrir o que aconteceu. Ela consegue até que o caso seja reaberto.

O livro vai e volta nas memórias de Ameia, narrado em terceira pessoa, e na realidade de Kate, em primeira pessoa. São partes bem escritas, intensas e Amelia é uma grande personagem. Kate e ela tinham um bom relacionamento, mas Amelia se sentia sozinha pelo fato de a mãe trabalhar tanto (e admito que nessa parte me identifiquei um pouco com ela). Kate percebe que não conhecia a filha tão bem assim e se culpa várias vezes por não ter percebido nada errado, enquanto Amelia gritava internamente, pedindo que a mãe visse o problema. Os conflitos adolescentes foram bem trabalhados e mostram o viés cruel que eles podem ter.

Eu passara a vida toda pensando que não havia problema se minha mãe não estava em casa o tempo todo, pois, quando eu realmente precisasse dela, ela saberia e estaria ao meu lado. Mas agora aqui estava eu, precisando dela, e ela nem sequer percebera.

...

Eu não conseguia deixas as coisas para lá. Era nisso que dava passar tanto tempo sozinha. Você acaba ficando estranha e insistente.

Avaliação


Título original: Reconstructing Amelia
Ano: 2014
Páginas: 352
Editora: Arqueiro

Apesar do tema pertinente, dos bons personagens e das discussões, o livro peca pelo excesso. Além da morte de Amelia tem o mistério sobre a palavra "perdão", escrita na parede e que a polícia confirmou que não era a letra de Amelia, tem o mistério do pai dela, tem o mistério sobre o relacionamento de Amelia e a descoberta da sua sexualidade, tem o mistério sobre o amigo online de Amelia, tem o mistério sobre quem escreve o jornal de fofocas da escola, tem o mistério sobre a obsessão de uma pessoa com a vida de Kate, tem o mistério e o mistério e o mistério... Percebe? Tem coisa demais neste livro para prender o leitor e no fim as respostas são bem decepcionantes.

O final é também decepcionante, pois a autora monta todo este grande e excessivo arco narrativo para falar da vida da protagonista, mas nos entrega um final morno, de baixas expectativas e que não responde a tudo o que ela abordou. Ela solta as respostas aqui e acolá e sem muita explicação e entrega o final sobre a morte de Amelia de maneira bem abrupta. E o que acontece depois? Ela mal explica também.

Um livro com temas tão importantes para a adolescência deveria ter um pouco mais de cuidado na construção da história em si. No mais, é um livro bom, nada muito excepcional e que prende porque queremos muito conhecer melhor essa menina que morre tão abruptamente. Três corujinhas.

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